sábado, 16 de abril de 2016

Desobediência Civil


A desobediência civil consiste na violação deliberada de uma lei em defesa de um princípio moral ou visando uma mudança nas políticas postas em prática por determinado governo.  Aqueles que praticam desobediência civil estão dispostos a aceitar as consequências das suas transgressões como um meio para promover a sua causa.
Henri David Thoreau primeiramente reuniu os princípios da desobediência civil num ensaio publicado em 1849 “On the Duty of Civil Desobidience” (em português “Sobre o Dever da Desobediência Civil”). Este argumentou que quando a consciência e a lei não coincidem, os cidadãos têm a obrigação de promover a justiça utilizando como meio para tal a desobediência a essa mesma lei. A desobediência civil foi uma importante e revolucionária estratégia posta em prática no movimento das mulheres sufragistas, na campanha pela independência na Índia, no movimento dos direitos civis nos Estados Unidos e na abolição do Apartheid na África do Sul.

Argumentos a favor
As eleições não dão oportunidade suficiente às pessoas de expressarem a sua vontade. Em determinadas circunstâncias, a desobediência civil é uma poderosa estratégia para se fazer ouvir a vontade do povo. Se uma lei é opressiva, as pessoas não se podem opor a esta através apenas de princípios morais, mas obedecer à mesma na prática. Assim, essa mesma lei deve ser violada.
No passado, a desobediência civil já superou a opressão exercida por diversas ditaduras, bem como políticas que não satisfaziam o povo, enquanto outros métodos falharam. Por exemplo, a desobediência de Mohandas Ghandi foi fundamental na conquista da independência da Índia, sendo que a mesma estratégia foi utilizada por Martin Luther King na conquista dos direitos básicos para os afro-americanos, Estados Unidos. Nestes casos, nenhuma outra estratégia permitia a expressão do desagrado do povo.
De facto, o conflito com a autoridade dá a qualquer protesto poder e urgência e faz com que o povo tenha uma maior audiência. O movimento das mulheres sufragistas no Reino Unido e o movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos são exemplos de uma causa bem-sucedida que deu a vitória ao povo através do confronto com a autoridade, algo simplesmente não atingido por qualquer outro método.

Objeções
A voz do povo pode ser ouvida de várias maneiras. Regularmente ocorrem eleições e qualquer pessoa pode escrever aos governantes, sejam estes locais ou nacionais, expressando a sua opinião, sendo a principal função destes representar e servir o povo. Assim, devido ao facto de haver múltiplos meios de os cidadãos expressarem as suas perspectivas, a desobediência civil é desnecessária. Podem perfeitamente ser organizados protestos sem que para isso seja necessário violar leis.
Um protesto pacífico é quase sempre possível em qualquer sociedade, tornando a violação de leis por vezes inútil. A desobediência civil pode conduzir a uma sociedade completamente desregrada e, de facto, associar uma causa ao pânico e à violência é, na maior parte das vezes, contraprodutivo.
Muito frequentemente, esta «violência produtiva» é dirigida contra pessoas inocentes ou contra a polícia, causando repetidamente danos e prejuízos a todos os níveis. Nenhuma causa vale o sacrifício de vidas inocentes. O protesto deve ser pacífico ou não acontecer de todo.

The debatabase book : a must have guide for successful debate / by the editors of IDEA; introduction by Robert Trapp. 4th ed, pp. 52-53.

Agradeço à Catarina Fernandes, do 10.º A, a tradução deste texto.